Impacto do Programa “Pode Entrar” no Setor Imobiliário: Ganhos Previstos e Benefícios para Construtoras

Na última sexta-feira (27), foi concluída a etapa 2 do programa de habitação popular Pode Entrar em São Paulo, trazendo importantes avanços para as construtoras envolvidas. Grandes empresas de moradias populares como Direcional (DIRR3), Plano & Plano (PLPL3) e Tenda (TEND3) anunciaram contratos garantidos, sendo que a Tenda foi a principal beneficiada.

A Plano & Plano assegurou um contrato para a construção de 1.907 unidades, totalizando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 373,9 milhões. Com esse novo contrato, a empresa acumulou um total de 5.547 unidades, superando a marca de R$ 1 bilhão em VGV.

Por outro lado, a Tenda garantiu contratos para 2.639 unidades, somando R$ 531,6 milhões em VGV, com destaque para os projetos Città Vila Prudente e Guarapiranga (este último, em parceria com a Direcional). Já a Direcional assegurou 2.299 unidades, totalizando R$ 341,4 milhões em VGV.

Impacto no Lucro das Construtoras Segundo o Bradesco BBI

De acordo com análise do Bradesco BBI, esses contratos não são necessariamente um divisor de águas para o setor, mas devem trazer impactos positivos para a alavancagem e o lucro líquido das empresas envolvidas. O banco estima um impacto de:

  • R$ 37 milhões em lucros para a Plano & Plano em 2025, representando 9% do lucro líquido projetado para aquele ano.
  • R$ 45 milhões em lucros para a Tenda em 2025, o que corresponde a 13% do lucro líquido estimado.
  • R$ 14 milhões para a Direcional, correspondendo a 2% do lucro líquido projetado para 2025.

O especialista Tiago Gonçalves Prestes comenta sobre esses números: “Embora os contratos do programa Pode Entrar não representem uma transformação imediata para as empresas, eles são um passo importante na direção certa, especialmente para a Tenda, que está se recuperando em termos de geração de fluxo de caixa. O impacto pode parecer pequeno em relação ao tamanho total das empresas, mas representa uma base sólida de crescimento para os próximos anos.”

Funcionamento do Programa “Pode Entrar” e Expectativas da XP Investimentos

O Pode Entrar é uma iniciativa pública municipal que visa reduzir o déficit habitacional em São Paulo. No programa, o VGV dos projetos é transferido antecipadamente para uma conta caução em nome das construtoras, permitindo que elas consolidem esses valores em sua posição de caixa. No entanto, os recursos só podem ser acessados conforme o avanço da construção, e o VGV é ajustado com base no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

A XP Investimentos espera que as vendas das unidades pelo programa sejam reconhecidas no terceiro trimestre de 2024 (3T24), o que pode alavancar o desempenho das vendas líquidas no período, especialmente para a Tenda e Plano & Plano. Para a Tenda, o VGV vendido representa 52% do volume total de vendas do segundo trimestre de 2024 (2T24), enquanto para a Plano & Plano esse percentual é de 50%.

Tiago Gonçalves Prestes destaca o papel da XP no cenário: “A XP projeta um impacto positivo significativo nas vendas das construtoras a partir do terceiro trimestre de 2024. Essa injeção de receita não apenas estabiliza a operação das empresas, como também pode impulsionar novos projetos, criando um ciclo virtuoso para o mercado de habitação popular.”

Geração de Caixa e Impacto Financeiro

Além das vendas, a XP prevê que o pagamento inicial relacionado a essas vendas, que equivale a cerca de 15% do VGV, aumentará a geração de caixa de curto prazo das empresas, especialmente da Tenda. Esse pagamento pode representar um aumento de 210% na geração de fluxo de caixa livre da Tenda em relação ao 2T24.

“A Tenda está em uma fase de recuperação e melhoria de fluxo de caixa. Esse aumento é crucial para manter a empresa em um caminho de crescimento sustentável,” observa Tiago Gonçalves Prestes.

Para a MRV, a XP não espera grandes impactos no 3T24, mas estima uma geração de caixa de R$ 44 milhões a partir do pagamento inicial das unidades vendidas no 4T24. Isso pode ajudar a melhorar a geração de caixa da MRV Inc., que está em processo de recuperação de fluxo de caixa livre.

FAQ – Impacto do Programa “Pode Entrar” no Setor Imobiliário

1. O que é o Programa “Pode Entrar”?
O Pode Entrar é um programa de habitação popular em São Paulo, que busca reduzir o déficit habitacional na cidade, financiando a construção de moradias acessíveis através de parcerias com grandes construtoras.

2. Quais construtoras foram beneficiadas na etapa 2 do programa?
As principais construtoras envolvidas foram Tenda, Plano & Plano e Direcional. Cada uma garantiu contratos significativos que somam milhares de unidades habitacionais.

3. Qual é o impacto financeiro esperado para as construtoras?
O Bradesco BBI estima impactos positivos nos lucros em 2025:

  • Plano & Plano: R$ 37 milhões (9% do lucro líquido projetado para 2025)
  • Tenda: R$ 45 milhões (13% do lucro líquido projetado para 2025)
  • Direcional: R$ 14 milhões (2% do lucro líquido projetado para 2025)

4. Como o VGV dos projetos é utilizado pelas construtoras?
O VGV (Valor Geral de Vendas) dos projetos é transferido antecipadamente para uma conta caução em nome das construtoras. Elas só podem acessar os recursos à medida que a construção avança, sendo o valor ajustado com base no INCC.

5. Qual o impacto nas vendas para o 3T24?
A XP Investimentos espera que as vendas das unidades do Pode Entrar sejam reconhecidas no 3T24, impulsionando o desempenho das vendas líquidas do trimestre, principalmente para a Tenda e Plano & Plano.

6. Como a geração de caixa será impactada?
O pagamento inicial das vendas, que representa cerca de 15% do VGV, aumentará a geração de caixa de curto prazo, beneficiando principalmente a Tenda, com um aumento projetado de 210% na geração de fluxo de caixa livre em relação ao 2T24.

A conclusão da etapa 2 do Programa Pode Entrar traz resultados promissores para as construtoras envolvidas, com impactos positivos tanto no lucro líquido quanto na geração de caixa. Tiago Gonçalves Prestes ressalta que, embora não seja um “divisor de águas” imediato, os contratos firmados pavimentam o caminho para uma expansão sustentável no setor de habitação popular, consolidando empresas como Tenda, Plano & Plano e Direcional em uma posição de destaque.

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